segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Mensagem de fumaça.



Lá estava o idiota admirando o seu estúpido trabalho.

Uma imensa árvore fora posta abaixo. Razão? Ainda busco uma. Alguém justifica com: ventos balançam-na e, ameaçadora, ela baila. A iminência de sua queda deu-lhe a sentença. Antes que ela tombasse e trouxesse a morte, precavemo-nos. E assim ela foi podada. Pouco a pouco seu caule foi reduzido. Grossos tocos rodeavam o que restara de uma portentosa árvore. Mas o serviço não estava completo. O idiota não poderia viver com a recordação majestosa da natureza. Ele precisava eliminar qualquer resquício de que um dia existiu ali o verde em sua mais soberba forma. Os bombeiros selavam o destino dela com suas agoniantes motosserras. Do que sobrara, não poderiam fazer mais nada. Sugestão do profissional? Fogo. E de um conselho imbecil o idiota resolveu acatar.

Hoje, quando pode, ele reúne tralhas no toco oco enegrecido e incendeia, em sua desesperada ânsia, os restos mortais do que um dia fora uma portentosa amendoeira.


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