terça-feira, 10 de setembro de 2013

Um breve despertar (A batalha).

Acorda!

O corpo estremece, que de bruços beija o gramado viciado do sangue derramado. O metal da armadura pesa, e comprime a pele. O frio machuca os ferimentos, que abertos teimam em sangrar. É preciso levantar para não ter o mesmo destino das centenas que, ao redor, formam o cenário macabro de uma guerra sem vitoriosos.

Não há gemidos, tão pouco, apelos.

A espada partira e o escudo sumira. Onde se apoiaria? Os músculos, enrijecidos, deviam encontrar forças ocultas; sobrepor a cãibra e ignorar a dor dos cortes. É suplicante o levantar. Lágrimas inundam a face imunda; o cabelo úmido cola na testa. Os dentes se chocam e os olhos se fecham, mas o moribundo no fim está erguido.

A cada respirar, uma pontada nas costelas. Corpos esfacelados até onde a vista alcança.

Uma fagulha de arrependimento num movimento débil de cruz e a surpresa de uma seta transpassada, e de sua ponta a gotejar o líquido rubro que escapa de seu peito. Ainda dá para virar e ver o menino, arquejante, desfazendo a posição de ataque.

Falta ar. A vista embaça. O abraço da morte se fecha.

Dorme...