Todos
olham para o céu. Era impossível ignorar o mensageiro da morte que
se avizinhava. Um míssil fazia um arco aberto, deixando atrás de si
um rastro de fumaça esbranquiçada. O silvo agigantava seu assobio
de iminente catástrofe. Ninguém corria. Era chegada a hora e os
habitantes da maior cidade do mundo sabiam que era inútil
desesperar-se. Simplesmente acompanharam a trajetória até a
colisão. Os que estavam longe do epicentro depararam-se com um baque
surdo seguido de uma enorme redoma clara que alargava
vertiginosamente seu diâmetro, consumindo tudo ao seu redor.
Milhares desintegraram-se. Milhares transformaram-se em deformidades
e ao restante só restava chorar.
As
notícias televisionadas trazem anseios. O medo da morte prolifera-se
e muitos, fracos de espírito, cessam a vida. Quem ainda vê um
futuro, procura um meio de salvar-se. Os que anteviram a hecatombe,
abrigam-se. Os causadores, acovardam-se e se escondem.